Tuesday, April 27, 2010

36 ANOS DE ABRIL EM ARRUDA DOS VINHOS!

Senhor Presidente da Assembleia Municipal;
Senhor Presidente da Câmara Municipal;
Senhoras e Senhores Vereadores e Deputados da Assembleia Municipal;
Senhores Presidentes das Juntas de Freguesia;
Estimados presentes;

Estamos aqui hoje para comemorar os 36 anos da revolução do 25 de Abril de 74, e devo dizer que é para mim, uma grande honra poder estar aqui nesta sessão evocativa deste grande e importante acontecimento da nossa história, e poder proferir umas breves palavras, que, apesar de insignificantes quando comparadas com o que hoje se comemora, elas resultam disso mesmo, resultam da conquista efectuada há 36 anos atrás, e que nos permite dizer, hoje, o que pensamos, que nos permite ter, hoje, a liberdade de exprimirmos o que sentimos, sem opressão e sem medo da censura.
Com o 25 de Abril nasceu a verdadeira Democracia, o Pluralismo Político, e com ele, a saudável diversidade de opiniões, a livre expressão de ideias, o direito de criticar e discordar, a liberdade de expressão.
Mas deu-nos mais que isso.
Deu-nos os Princípios e os Direitos Fundamentais do nosso actual sistema constitucional, da nossa constituição.
Deu-nos a abertura de Portugal ao exterior;
Deu-nos a Igualdade dos cidadãos perante a Lei;
Deu-nos o direito de cada cidadão a eleger o seu representante, e a ser eleito;
Deu-nos o direito fundamental ao trabalho; os direitos sociais; o direito a uma qualidade de vida condigna.
Mas, apesar do muito que já foi feito, estamos, ainda, muito longe de concretizar Abril.
Estamos, ainda, muito longe de alcançar uma aproximação entre os cidadãos, em termos de uma igualdade real, tanto a nível económico como a nível social.
Para isso, é necessária uma mudança no paradigma da política nacional e local, é necessária uma maior promoção da cidadania.
É imperativo, que toda a classe política actue de forma a acabar com a desconfiança e descrença sentida actualmente pelos cidadãos, e muito particularmente pelos jovens, nos seus representantes, quer a nível nacional, quer, na maior parte dos casos, a nível local.
Os políticos e detentores de cargos públicos, principalmente quando eleitos pelo povo, têm a obrigação de actuar com responsabilidade, com seriedade, com serenidade e com sobriedade, embora, nunca prescindindo do adequado uso da palavra e da firmeza nas suas convicções, e coragem para afrontar o erro e a injustiça através das suas acções.
Os decisores políticos têm de ter uma actuação responsável de acordo com aquilo que é o ensejo e as necessidades da população que administram, e têm de saber actuar, ouvindo as opiniões e aquilo que é o conhecimento prático da sua população, promovendo, desse modo, a democracia participativa, que não pode ser apenas expressa através do voto, no dia das eleições.
É necessária uma actuação baseada num pensamento estratégico, que a médio e longo prazo, permita melhorar as condições efectivas da população, nomeadamente, através do melhoramento e incremento das acções de cariz social, do fomento do emprego e do fomento do investimento privado e inovação empresarial.
Numa economia global, numa economia tremendamente feroz, onde os países emergentes têm taxas de crescimento, absolutamente gigantescas, quando comparadas com as dos países desenvolvidos e com a União Europeia, nós deparamo-nos com a maioria das nossas empresas nacionais, incapazes de concorrer nesse enorme mercado global, sem capacidade de inovar, sem apostar nos jovens capazes de trazer novas ideias, novos conhecimentos, um novo horizonte estratégico.
Só apostando na população mais jovem, é possível concretizar Abril, tornar as empresas mais competitivas, diminuir o desemprego, dar maior qualidade de vida às pessoas.
É necessário adoptar medidas em prol dos jovens, incentivá-los, apoiá-los, promover a sua cidadania e levá-los a ser uma parte activa.
E no concelho de Arruda dos vinhos, nesta nossa terra, a aposta nos jovens é essencial.
É fundamental e urgente.
O concelho de Arruda é um concelho onde existem cada vez mais jovens, e na minha perspectiva, deve-se essencialmente a dois factores:
Primeiro, as novas acessibilidades, nomeadamente a A10, que possibilitou uma maior e mais célere aproximação à capital do país, o que originou que muitas famílias se fixassem em Arruda.
Segundo, os jovens e as famílias vêm atrás da calma e beleza natural do concelho, aliada a algumas obras realizadas durante os últimos anos, as quais conferem uma “cara lavada e rejuvenescida” a Arruda.
No entanto, essas novas obras foram construídas sobre fracos alicerces, e correm o risco de, se nada for feito, perecerem ao abandono, quando os jovens começarem a abandonar o concelho.
E isso, mais tarde ou mais cedo, será uma inevitabilidade se nada mudar.
As políticas de base estrutural, capazes de originarem uma boa qualidade de vida e perspectivas de um futuro estável e auspicioso aos jovens, não existem.
Olhamos em redor, e vemos as zonas industriais do concelho com a maioria dos armazéns vazios, sem empresas capazes de gerar emprego.
Não existem políticas sérias de incentivo à fixação de empresas, empresas que efectivamente tragam valor acrescentado à economia do concelho, geradoras de emprego e proporcionando oportunidades aos jovens.
Empresas inovadoras, por exemplo, na área das energias renováveis, que deveriam ser uma aposta forte da autarquia, pois devido às suas características geográficas, Arruda tem um enorme potencial para a produção, por exemplo, de energia eólica, solar e bio-combustível, onde boa parte dos terrenos do concelho estão jogados ao abandono e poderiam ser aproveitados para esse fim.
Vemos, inclusivamente, a página da internet do gabinete de apoio às empresas com informação desactualizada, designadamente, no seu “guia de apoio ao investimento”.
Um conselho que se quer desenvolver e ser um exemplo a nível nacional, tem de ter uma visão de futuro e apostar forte na captação de investimento, não se limitando a uma gestão corrente dos seus activos.
Outro dos problemas do concelho, é ao nível da saúde, onde, apesar de existirem, hoje, médicos que cobrem toda a população, apenas cerca de metade da população tem efectivamente um médico de família, pois os restantes são médicos contratados, que hoje estão cá, mas amanhã podem não estar, como não o estavam há 2 meses atrás, não existindo, desse modo, um efectivo acompanhamento médico-paciente.
Mais, apesar de hoje existirem mais médicos em Arruda, muitas vezes é necessário esperar vários dias para se conseguir uma consulta de clínica geral, e onde o serviço de saúde está demasiado concentrado, obrigando a grandes deslocações por parte da população local.
E mais grave ainda, com a dificuldade existente no concelho na área do acesso à saúde, é com alguma incredulidade que vejo a Câmara Municipal misturar dois problemas que nada têm a ver um com o outro, e fazer do litígio que mantém com a Administração Regional de Saúde, relativamente ao pagamento da construção de um muro no centro de saúde local, uma arma de arremesso que poderá atrasar a construção do novo hospital de Vila Franca de Xira, essencial para servir a população local, sendo o município de Arruda o único dos cinco municípios envolvidos que ainda não deliberou sobre a construção das acessibilidades ao futuro hospital.
Estes são apenas dois dos problemas do concelho, na área da saúde e na área do investimento privado e criação de emprego, que nos mostram que este pensamento negligente com que se tratam estas questões tem de mudar, pois que futuro queremos nós?
Temos de adoptar medidas profundas, direccionadas à população activa do concelho e, principalmente, aos jovens, pois só assim é possível concretizar Abril.
Só assim é possível desenvolver a economia local, fomentar o emprego e dar boas e sustentáveis perspectivas de futuro à população e uma boa qualidade de vida.
A Liberdade alcançada pelo 25 de Abril de 74, não foi apenas uma liberdade de expressão, foi uma Liberdade que nos permite adoptar as medidas certas, proporcionar uma igualdade de oportunidades entre os cidadãos e um aumento da qualidade vida.
Para isso, temos todos de nos empenhar, todos os dias, e independentemente da cor política, temos de actuar com responsabilidade, em prol do desenvolvimento e do bem-estar de toda a população.
Mesmo que não o consigamos concretizar, para já, a nível nacional, pelo menos, que concretizemos Abril no concelho de Arruda dos Vinhos.
Viva Portugal! Viva Arruda dos Vinhos! Viva o 25 de Abril!

Márcio Gonçalves Pereira

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